um dia no museu.

vc lembra do dia em que leu pela primeira vez uma palavra estranha e resolveu escrever na parede do quarto, perto da cama, aquela mesma palavra? eu escrevi "nietzsche" pq até aquele momento foi o som mais estranho que eu tinha lido.
e do dia em que vc "precisou" entender pq algumas músicas e filmes e livros eram tão incomuns?
pois é, desse último dia eu nunca descansei. e nesse resarch continum, cheguei até os tropicalistas. e antes deles, aos que os fizeram pensar que ser tropicalista era aquilo. e antes disso, que ser aquilo era ser tropicalista.

antes de continuar, esse não é um texto de apologia ao uso do tropicalismo, até pq - talvez - o prazo de validade pra utilização inescrupolosa desse "artigo de uso cultural" tenha expirado.
mas eu gostaria muito de compartilhar o dia mais divertido que eu passei num museu.
e foi ontem. no mam do rio. graças à ana que me contou da exposição que relembra os 40 anos do surgimento do movimento tropicalista.
fui lá, paguei os 5 contos e pensei: por esse preço eu vou andar em TODOS os brinquedos q eu tiver direito!

e eram muitos, amém!







vc ouve falar dessas obras e desses artistas, tipo oiticica e lygia clark e mesmo assim sobra um vazio de entendimento pra completar o significado inteiro. ontem lá no mam eu consegui entender algumas coisas:

eu bebi uma água verde duma tigela da dona lygia, além de entrar numa casa muito divertida que ela criou (com câmaras escuras, seguidas por espelhos e bexigas e bolhas de ar) e depois de ter usado todas aquelas máscaras e luvas e roupas sensoriais, dela também. e mais na frente poder entrar num micro-sítio do seu oiticica, com aqueles vários ambientes com terra e serragem e araras vermelhas e vivas (que tavam lá comendo um mamão. mas que pareciam cansadas demais pra estarem ali.). e deitar numa caixa de areia que parecia feita pra deitar.

só não deu pra correr com um parangolé no pescoço, pq o moço disse que assim já era demais. assim como tocar no porco empalhado de 1967 era perigoso demais pro porco que tá empalhado desde 1967. mas com as marionetes da maquete do cenário do "rei da vela", eu mexi. e contei pro moço :)

e um altar pro rei roberto, tão singelo. e umas caixinhas de música do domenico + 2, onde cada caixa te dava acesso a um instrumento/canal da música, e vc podia mixar o som da maneira que quisesse.


se isso é arte, se dá pra chamar assim, eu não sei.
mas eu imagino a diversão que deve ter sido chegar numa exposição dessas, ali pelos finais dos 60, e bangunçar os sentidos de tanto brincar. isso sim deve ter sido uma revolução.










hoje é 2007. e pra mim, ainda foi.

8 comments:

Ana Silva said...

o marginal continua sendo "o" herói

e a tropicalia é oxigênio para texanos como Devendra Banhart e o Beck.

como o açai querem botar granola, cupuaçu é de japonês(...)

Logo, tropicalizemo-nos. Antes que seja coisa de texano. ou já é?

geo said...

... logo, somos tropicalizados h� tempos, antes mesmo de beck e caetano. o que eu realmente n�o gosto, mas n�o gosto mesmo, � n�o mastigar a comida direito: a digest�o fica prejudicada e o resultado final � igual cupua� japon�s, ou seja, azia pura.

tropicalizemo-nos, pero n�o esque�amos das pitadas caprichadas de originalidade...

Ana Silva said...

e antes eram os dinossauros mas depois veio a era do gelo

geo said...

é, e o al gore já disse que agora viveremos uma era do fogo. quem se adaptar sobreviverá...

Ana Silva said...

salamandras me mordam batman

a floresta já esta em chamas

agora viveremos a era das cinzas

geo said...

como alguém escreveu um dia: do pó viestes e ao pó retornarás!

Anonymous said...

Oi Geo, gostei do texto. Pelo que ouvi dizer, na alemanha toca tanta música brasileira quanto americana ou inglesa... daqui a 20 anos ou menos ou mais o resto do mundo viverá a febre do nosso sabor... tio sam queira ou não. Já essa coisa de marginal, bem, é a condição inevitável que quem não está no poder $$$. Tanta gente morta por causa dessa porra de dinheiro. E a Amazônia, que é o que há de mais valioso no planeta terra neste momento, está sendo e sempre foi absurdamente mal cuidada por nossos governantes. Onde estão os heróis? O primeiro que se engraçou levou bala e entrou pra história. Desde então não apareceu outro. Eles têm o greenpeace e nós? Alguém sabe? Não. Nós temos um monte de ongs médias e pequenas sem a mínima força e moral internacional quando a lógica deveria ser o contrário. Está na hora de nossos heróis, engravatados ou marginais, tomarem alguma iniciativa inteligente e justa.

geo said...

antes de mais nada, acho que é um pouco bom deixar claro que não curto o alarmismo do al gore, mas aprendi a deixar as pessoas com raiva sempre q possível, mesmo q para isso seja preciso contrariar minha lista de princípios.

glauz, ontem mesmo confessei à ana que sou romântica e que uma coisa tem me perturbado muito: já que deram-me um atestado em que se lê "HISTORIADORA", com números de registros e tudo mais, o que eu devo devolver em troca? digo, aos meus, é lógico?
[depois eu só consigo dormir quando o sono me vence e neguinho vem me perguntar "porque"...]